Devo pertencer a algum lugar longínquo pois não me identifico com nenhuma dessas caras diárias, que me fitam, expressam-se e que, por vezes, magoam-me.
Lembro-me dos tempos passados em que a minha preocupação era brincar, comer chupas e guloseimas. Lembro-me de quando não conhecia a dor; quando a única coisa que me magoava era cair do baloiço ou então bater com o carrinho que tanto gostava contra a parede. Lembro-me de quando era feliz. Mas já nem me lembro do que é. Eu não sou triste, porque não sei o que sou. Não me lembro o que é sentir, à tanto que nada sinto, sem ser o vento que bate ao cruzar essas ruas cheias de gente, mas tão vazias. Não há nada. Há dor. Magoam-me, mas nem me tocam ao passar na rua. Magoam pelo desprezo, pelo olhar que tende a ferir profunda e constantemente. Ao olhar, vejo tanto mas, nada vejo. Simplesmente porque não sei o que hei-de ver. Aqui as pessoas não se tocam, porque não sabem o que vão sentir. Assim dói mais.
Mas, quando há uma oportunidade, uma outra rua, iluminada e vistosa, cheia de pessoas a quem falar, tocar, abraçar e agradecer, sentimos que afinal, o mundo não é tãonegro como o desenhamos. Ele é preto e branco porque temos preguiça, preguiça e preguiça: de lutar,de sentir, de colorir. Aí, eu sinto os lápis de côr (...)
por R.Ribeiro & J.Alexandre
Gostei. Muito. ^^
ResponderEliminar« Lembro-me de quando era feliz. Mas já nem me lembro do que é. »
Pois, exactamente. Lembro e depois esqeço-me. Volto a lembrar-me e a esqecer-me. Só espero qe as minhas crises de amnésia me passem rapidamente. Isto de lembrar e esqecer logo de seguida, tem doído.
Desculpa a invasão.
Beijinho *