quarta-feira, 29 de abril de 2009

avó

De quando eu era pequenina...

« A minha avó, como nunca tem nada para fazer, apenas cuida de mim; murmura uma canção para me fazer adormecer, mas eu só gosto que o seu indicador seja uma especie de pêndulo e percorra o meu nariz, e assim que ela se cansa, eu ajudo-a, pegando no dedo dela e fazendo eu o gesto. Ela dá-me comer muitas vezes por dia, acha que tenho dois estomagos. No Verão ia com ela apanhar caracóis, e quanto aos tremoços, nunca me deixava comer a casca.
Ao final da tarde, o serão era no sofá, ela preparava-me bolachas maria barradas com mel e fazia-me o mesmo gesto do nariz, mas desta vez nos pés! Ela também costuma fazer renda, e costuma usar uns oculos até ao fundo do nariz. Ela até consegue tirar certos dentes!
Ela diz-me para não mexer nas decorações dela, e eu não mexo, mas ela insiste em limpá-las, mesmo que eu lhe diga para não o fazer, porque ela diz que ali não se mexe.
Ela ralha muitas vezes com o meu padrinho que, quando tenta brincar comigo às escondidas, consegue sempre pôr-me medo, principalmente quando calça os meus pequeninos e frágeis pés nas suas enormes e peludas pantufas que mais parecem um monstro ou quando me tira fotos em cima da sua prancha de bodyboard. Costumo chorar.
O meu pai pergunta-lhe sempre qual é o segredo; Sim, porque a minha avó Celeste faz as melhores batatas fritas da Europa, quiçá do mundo! »

com muito carinho, para a avó Celeste

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